segunda-feira, junho 13, 2011

Terapia

Tenho escrito como terapia, há centenas de trechos mal acabados nos meus rascunhos. Alguns podem vir a público, geralmente os mais mentirosos, outros não, são carne minha, viva demais para ser exposta.

terça-feira, janeiro 25, 2011

É estranho ver as coisas perdendo o sentido

Queria ter ondas nas pernas pra me lembrar dos mares que vi, queria ter frases nas costas para os filósofos que li, queria ter linhas tracejadas para os lugares que conheci, rostos no peito para os amigos que fiz e queria muitas cores e sombras pra vida que vivi. Não quero ver nada disso se diluindo, as coisas podem até perder relevância, não me importo, mas queria ver tudo o que vivi bem marcado em mim.

Uma das fases que tenho mais nítidas na minha memória é a que me envolvi com o movimento Hare Krishna, aprendi muito com eles. No entanto, vejo que essa fase está sempre viva comigo não pela importância que teve, mas por conta da tatuagem que fiz, carregar essa marca comigo dá àquele tempo um valor especial.

Os sinais deixados por outras fases não são tão fortes, escondem-se em bilhetes nos fundos das gavetas, na barraca dentro do armário, nas inúmeras fotos que tirei e em inúmeros símbolos soltos que se perdem em mudanças. Essas marcas não têm a visibilidade que merecem, não as carrego comigo e, talvez por isso, tudo o que elas me lembram vai se diluindo, vai perdendo a cor que tiveram um dia e, talvez, até o sentido original.

É possível que o sentido do que vivi não se perca e que carregar bagagem demais faça mal. Talvez, deixar coisas para trás e carregar o mínimo seja o correto, talvez esse desapego faça de mim o que sou, mas gosto da minha tatuagem e gostaria de ter comigo outros símbolos.

Quando lembro do que vivi, vou vendo as coisas diferentes, com olhos que eu não tinha, e assim, mesmo sem querer, vou mudando minha história, os rumos de uma história que eu queria manter intacta. Mas eu quero minha história com todos os meus erros, com todos os meus acertos, com tudo aquilo que vivi e, portanto, com tudo aquilo que eu sou. Todos os eventos com seus respectivos sentidos, os mesmos sentidos que eu usei pra mudar tanto de rumo.