sábado, janeiro 09, 2010

O mar é Shiva


A graça do mar é a renovação, é saber que as ondas vêm, que as ondas vão, que a água não vai estar no mesmo lugar. É saber que você pode ser levado ou trazido e que, ao contrário de um rio, o mar se volta para as mais variadas direções, que tanto pode lamber carinhosamente tuas pernas quanto com brutalidade acabar com tua vida.

Um banho num mar assim, imprevisível, renovou minha vida esses dias. Uma água bem fria e cheia de ondas, uma praia com a areia fina lotada de gente, e no céu aquele sol morno com vento refrescante lá pelo final da tarde às 19hs.

Tudo isso ou apenas isso ou justo isso, realmente não sei, desconstruiu em mim uma série de vícios que eu vinha inventando. Arrancou de mim essa necessidade de dependências, de sentir tudo profundamente e por tempo demais.

Como a vida, o mar tem graça quando não está parado, quando vai e vem, quando suja, lava, destrói e conserta. O mar é o Shiva do povo no Brasil, o mar foi meu Shiva esses dias. E, finalmente, a destruição para reconstruir faz completo sentido. O próximo passo é encontrar o filho de Shiva, Ganesha e esperar as outras benfeitorias das mudanças.

Um comentário:

Thais disse...

se desconstrói, constrói e no final "um homem não se banha duas vezes no mesmo rio"